quarta-feira, 16 de abril de 2014

O Problema Não é a Adicção



Olá meus queridos!!
Ouvi várias vezes que a ¨Recuperação do Adicto¨ não estava apenas relacionado com ele parar de usar Drogas. ¨O problema não é a sua Adicção, mais sim, as suas atitudes¨. O afastamento das drogas era apenas a primeira parte de um processo de libertação de um vício. Um vício físico, mental e espiritual.
Recuperação é mudança de ação, de hábitos e hábitos que estão relacionados com conceitos negativos que o Adicto repete nas suas 24h. Hábitos que aprendeu com os exemplos observados em seu convívio, hábitos que desenvolveu e hábitos que criou durante sua caminhada.
Conceitos como respeito, direitos, dever, liberdade são desconhecidos por eles ou adaptados as suas vontades, aos seus objetivos, por causas da sua doença ou porque já estavam incutidos em seu ser. Manipulam sentimentos e pessoas de acordo com as suas necessidades, aonde não são levados em conta os significados reais destes conceitos e nem princípios. Importando apenas os anseios, o poder, o seu ego.
Princípios reais são universais, não importa credos, educação, raças. Princípios são conceitos da natureza do homem, essenciais a um crescimento físico e espiritual. Princípios são verdades absolutas, imutáveis, transcendem à vontade deste ou daquele grupo. Princípios não podem ser adaptados a aspirações individuais e princípios são desconhecidos pelo Adicto.
Reavaliando minha vida percebo que o inferno vivido por causa da Adicção dele, o caos exterior e interior a todos não estava relacionado ao seu vicio em ¨drogas¨, não era o álcool nem o crack, que tornava nossas vidas em um total descontrole e sim as ¨Atitudes¨.
Ao meu redor as atitudes loucas, as insanidades, as irresponsabilidades já existiam muito antes das drogas. Nossa história indicava que não era a droga que o destruía, que destruía a família, o convívio, o amor, que levava desespero ao nosso corpo e mente. Não era a droga que levava ao sofrimento, que violentava, que agredia, toda a loucura estava ligada à ¨Atitude¨, a comportamentos antiéticos, imorais, desvairados, sem limites, que já eram existentes.
A droga nada criou, ela apenas potencializou o que já existia.
Hoje tenho consciência de que ¨ele¨ não precisa apenas para de usar drogas, o que realmente ¨ele¨ tem de parar é com seu comportamento obsessivo. As drogas não podem serem usadas como desculpas para o seu total medo da vida, para sua total falta de respeito, para seu total descontrole e nós também temos que parar de usarmos desta desculpa para nossa total incompetência perante a vida, nossos medos, nossas culpas, nossas frustrações. A nossa falta de querer ser feliz. As nossas relações com este mundo tem de ser transformadas.
Apenas ¨Parar¨ o uso das drogas não fará com que sejam apagados ressentimentos surgidos com a Adicção. As marcas são profundas demais para serem apagadas e somente uma completa modificação de comportamento dará inicio a verdadeira Recuperação e ao verdadeiro Perdão. Recuperação esta ligado à mudança de pensamentos, de sentimentos, de atitudes, o simples deixar de ser dependente químico não significa que os impulsos mais falhos, o caráter negativo tenham sido convertidos. Recuperação é eliminar os resíduos que ainda estão em uso, independente de parar ou não com as drogas. Resíduos dos tempos do uso do do crack, do álcool, resíduos dos tempos em que se deixou viciar pela falta de princípios humanos, éticos, morais, que foram permitidos serem desenvolvidos em seus costumes, em sua postura, em seu caminhar e em nosso caminhar. A mudança não tem de vir de fora para dentro, as mudanças tem de vir de dentro para fora. E não só seus atos tem de ser modificados, nossos atos também tem de serem modificados.
As verdadeiras drogas estão dentro de cada um, a verdadeira droga não é aquela que entra pela boca, pelo nariz e sobe ao cérebro e distorce realidades, induz comportamentos, permite coragem, permite ímpeto, permite que sejam colocados para fora tudo de ruim que esta amordaçado em nosso interior. A droga liberta o que de pior existe em nós, libertando todas as drogas da minha personalidade, todos os defeitos de caráter. A verdadeira droga é aquela que esta contida dentro de cada um de nós, são aquelas que saem de nossas bocas, são os pensamentos, são os sentimentos, são as ações. A verdadeira loucura da droga é aquela que se aloja no coração e domina o espírito.
A ¨drogadicção¨ é algo que permite que ¨Ele¨ seja aquilo que por covardia ¨Ele¨ não tem coragem de ser. Ela é o suporte que ele necessita para combater seus medos, para se sentir ¨alguém¨, ou, para se anular no mundo. A sua drogadicção faz com que ¨Eu¨ também infelizmente me sinta ¨alguém¨. A drogadicção dele da sentido a minha existência, e alimenta minha doença.
As consequências, as loucuras da Adicção que presencio hoje já estavam enraizadas em todos nós há muito tempo. Tudo a minha frente era previsível, apenas a minha negação em admiti-lo impedia de enxergar as coisas que aconteciam. Tudo sempre esteve bem ao lado, as minhas vistas, os defeitos de caráter, as manipulações, chantagens, as grosserias, o egoismo. Minhas facilitações, os conceitos baseados em minhas verdades absolutas, a arrogância, a prepotência. Nossas relações estruturadas em mentiras e falsidades, cheias de ressentimentos, enfim, tudo, tudo, já estava lá muito antes das drogas fazerem parte do dia-a-dia.
Precisou que as ¨drogas químicas¨ fincassem suas estacas em nossas vidas para que as ¨drogas da nossa personalidade¨ fossem encaradas de frente, pudessem serem sentidas, serem admitidas, desmascaradas. Que nossa hipocrisia viesse a tona, já que as deformidades, os conceitos deturpados absorvidos ao nosso caráter já o drogavam há muito tempo e dopavam a mim, minha família, a todos.
As drogas eram a porta de entrada para que pudéssemos culpar, desculpar, acusar, criticar, apontar no outro as imperfeições e erros que negávamos existir em nós. As drogas são a porta de saída hoje para que possamos desculpar, descobrir, recuperar, ver virtudes, compreender que os defeitos e erros que negamos existir em nós já existiam há muito mais tempo, muito antes da Adicção dele.

sábado, 12 de abril de 2014

A ESPERADA RECAÍDA....



Olá meus queridos...
Em primeiro lugar eu agradeço a Deus por estarmos todos bem apesar da problemática que um adicto na ativa trás para toda família...
A sensação que tenho é de que passou um tsunami por aqui, acabando mais uma vez, com alguns sonhos, esperanças, deixando tristeza, frustrações, sentimento de impotência e um enorme vazio, deixados pelas promessas nunca cumpridas como: ''foi a ultima vez'', ''Agora eu vou me tratar'', ''Me da mais uma chance que vou mudar'', ''me perdoe e me de mais um voto de confiança''...Enfim, aquelas famosas frases que já cansamos de ouvir de nosso familiar adicto. Promessas que nunca são cumpridas, não são cumpridas enquanto o adicto não se rende e reconhece que é impotente perante o vício...
Meu familiar adicto, estava a alguns dias sem o uso do crack, um mês e meio, mas não estava em recuperação, estava na ativa como eu comentei em post anterior, não abre mão da bebida.
Na cabeça dele a vida sem a ''cervejinha'' é uma vida sem alegria, uma vida vazia e sem sentido....
Estas foram as palavras dele quando chegou em casa de sua recaída esta madrugada.
Medos, tristezas, desgostos, cansaço físico e mental, é desta maneira que vive a família do adicto quando ele não está em recuperação, eu falo sempre muito sobre recuperação para meus amigos adictos e codependentes, consigo até algumas vezes ajudar algumas pessoas com o pouquinho que sei e tenho aprendido sobre estas doenças, leio livros, assisto palestras, participo de grupos online, sei tudo que é preciso para entrar em recuperação, mas quando chega na minha vez existem algumas coisas que ainda não consigo colocar em prática...(ex: desligamento emocional)
Gostaria de agradecer aos meus amigos do face, leitores e seguidores de meu blog por todas as mensagens de conforto, palavras amigas, me dando forças para não desistir e continuar minha luta.
Mas também quero esclarecer alguns pontos em que algumas pessoas tem me mandam emails e mensagens pelo face perguntando...Percebi que ao postar a palavra ''RECAÍDA'', no Facebook, alguns companheiros, que não conhecem minha historia e não conhecem este blog. pensaram que sou eu a adicta que tive a recaída, porém foi meu familiar que recaiu...
Meus queridos eu sou uma codependente lutando pela minha recuperação diariamente e tenho conseguido alguns progressos desde que descobri que era codependente.
Não sou dependente química, nunca usei drogas em minha vida ( exceto o cigarro).
Conheço um pouco sobre dependência química e codependencia porque pesquiso muito sobre o assunto.
Na minha família existem dois adictos, um deles é minha irmã que se encontra em tratamento em uma comunidade terapêutica.
Pela primeira vez desde que se tornou dependente do Crack, meu familiar adicto realizou um sonho que tinha a muito tempo, trabalhar sozinho. Como já disse várias vezes, a adicção é uma doença incurável, progressiva e fatal, que pode ser estacionada se o adicto se propor e ''quiser'' viver em recuperação. Depende do querer dele. 
Desde que começou a trabalhar sozinho, meu familiar teve duas recaídas, por sua insistência em achar que pode tomar aquela ''cervejinha''gelada depois de um cansativo dia de serviço ( palavras dele). As vezes ele consegue se manter algum tempo sem o uso do Crack, mas a recaída é inevitável.
Enquanto ele não reconhecer que o Álcool para ele é uma droga, pois ele é alcoólatra e drogadicto, ele vai continuar nesta montanha russa, hora estou bem... hora recaio....

Ele não aceita a doença por isso dificulta a vida dele e a nossa.
Ontem ele não foi trabalhar devido a sua recaída, foi chegar hoje de madrugada.
Depois de 15 anos vivendo no olho do furacão, pude perceber como tudo isso prejudicou minha família, principalmente minha filha, que é uma menina depressiva, e está seriamente doente.
Por isso procuro ressaltar sempre, que nós codependentes ficamos tão doentes quanto o adicto, pois deixamos de viver nossas vidas em consequência do uso de droga do ente querido.
É muito difícil ver a pessoa que amamos se matando lentamente em sua frente e você não poder fazer NADA.
Realmente isso tudo cansa, desgasta e acaba com a estrutura de qualquer pessoa que viva com um adicto que não está em recuperação.
Tenho cuidado de mim e de minha filha, não deixo mais que a adicção de meu familiar faça com que eu cometa aquelas insanidades do início, mas ainda dói e sofro com tudo isso. 
É lamentável ver como uma pessoa, inteligente, que poderia ter um futuro brilhante pela frente, ainda insista em persistir neste caminho que infelizmente o final todos conhecemos...(clínica, cadeia ou morte) não necessariamente nesta ordem.
O adicto de minha convivência, não quer perder o emprego, mas precisa ter responsabilidades, deveres e arcar com as consequências de seus erros, não vou ser facilitadora para ele em nada....
A cada dia que passa ele perde mais coisas; a confiança, o respeito, a família, o amor próprio, bens materiais, mas insiste em continuar cavando o poço para ver até onde chega...



Esta doença é terrível, pois tira totalmente o foco de vida e os objetivos do adicto, de um minuto para o outro ele pode perder o que conseguiu com tanto esforço...
Já ressaltei milhões de vezes as qualidades de meu familiar adicto, ele quando está sóbrio, é competente, honesto, esforçado, trabalhador e muito inteligente, tem um coração gigante e ama ajudar o próximo, põe muitos não adictos no bolso.
Mas ele com a droga se transforma em uma pessoa irresponsável e não cumpridora de seus deveres.
Isto é muito triste, pois minha filha e eu sofremos muitas privações devido ao uso de bebidas e drogas dele...Ele não tem controle algum.
Espero que Deus abra a mente dele para que ele possa buscar sua recuperação...
Obrigado a todos meus queridos amigos, principalmente a meu amigo, e minha querida irmã, que passaram por estes momentos comigo, momentos difíceis, momentos que meu familiar estava pelas ruas em sua busca insana pelas drogas... Sozinha eu não conseguiria.
Eu estava me martirizando aqui pensando em que desculpa arrumar pelas insanidades dele, pela falta de responsabilidade que é dele, tentando tapar o sol com a peneira como fiz durante todos estes anos, mas cheguei a conclusão que devo soltar a corda e deixar que ele caia mesmo no fundo do poço...A obrigação com o trabalho é dele e não minha, quem deve se preocupar é ele e não eu, se ele perder o emprego ele mereceu, pois estará colhendo o que plantou.
A única preocupação de minha parte é que ele prejudique terceiros com suas atitudes, esta doença só nos causa decepções. Só quem convive com um adicto na ativa em casa, sabe das nossas dores, angústias e vergonha alheia...
As pessoas de fora não vão enxerga-lo como um doente que precisa se tratar e sim como um ''Drogado'' irresponsável....
Não posso culpa-los por não entender a doença, pois as vezes até a família não tem preparo psicológico para saber como lidar com a situação.
Não consegui responder os emails e as mensagens do Facebook pois neste momento procuro dar uma atenção especial para minha filha que esta com depressão profunda e gravida de 7 meses...
Tenho que mante-la sob vigilância constante, todo cuidado é pouco, pois a depressão é outra grave doença que pode levar a sérias consequências...
Quando ele começou a trabalhar sozinho, foi com o objetivo de nos desligarmos um pouco, deixar que ele andasse com suas própria pernas, trabalhasse, criasse responsabilidade, e eu pudesse ter um tempo de descanso  com minha filha e ajudar minha mãe com o problema de adicção de minha irmã, não queria trazer problemas para minha família, por isso sempre vivemos isoladas de tudo e de todos, pois por onde passamos as pessoas acabam se afastando de nós, alguns por preconceito, outros por serem diretamente afetados pelo comportamento dele quando está na ativa, ou por qualquer outro motivo relacionado a adicção ou codependencia..
Sempre carreguei este fardo nas costas, os problemas não são meus, são dele e ele precisa sofrer perdas para realmente ''QUERER''entrar em recuperação.
A cada recaída a gente se afasta cada vez mais, minha filha adoece cada vez mais, as perdas vão gradativamente aumentando, ele já perdeu muito do que tinha, e vou ter que ter cada vez mais força , até o dia que eu finalmente consiga dar um BASTA em tudo isso.
Não é justo que pelo egoísmo de uma única pessoa, em querer viver a vida em função do seu prazer, que se destrua o resto da família...
Não é justo que se ele insistir em trilhar este caminho tortuoso, insistir continuar vivendo na ''ativa'', não se render e entrar em recuperação, eu fique ao seu lado. 
Depende única e exclusivamente de mim a decisão de continuar neste sofrimento, ou soltar a corda e mudar tudo em minha vida, sei que minha felicidade depende única e exclusivamente de mim, pode e nem deve estar condicionada a ninguém, e são minhas escolhas que determinam se vou ser feliz ou não.

Até hoje ainda não encontrei forças e nem me sinto preparada para deixar meu familiar adicto.
Acredito que se estou aqui até hoje, foi por permissão de Deus com propósito na vida dele, ou na minha, mas acredito que tem um tempo para todas as coisas, a bíblia diz que:''Há tempo para sorrir , tempo para chorar''..., e o meu tempo de sorrir está cada dia que passa mais próximo de chegar...Tenho fé no meu Deus...

AMO TODOS VOCÊS INCONDICIONALMENTE...

quarta-feira, 9 de abril de 2014

LIMITES...




Boa tarde amigos queridos...Por aqui segue tudo em paz graças a Deus...

Limites é a minha capacidade de dizer Sim e Não, de decidir metas, atitudes. É meu pensar, é minha vida, é definir quais serão os parâmetros para minha vida.
Ter limites me prepara para as possibilidades que virão e de não ser responsável por aquilo que não é meu. De ter o Controle sobre as coisas que me dizem respeito.
Ao me dar ¨Limites¨ sei exatamente das minhas reações, dos meus sentimentos, das minhas potencialidades. Tenho o conhecimento das minhas limitações e da minha força, sendo dono da minha própria felicidade, sendo juiz de mim mesmo, sou independente do outro para me sentir feliz.
Ao não me dar à chance de ter esta Ferramenta reajo sempre de forma inadequada, obedecendo não aos meus instintos, meus pensamentos, mas sim, aos anseios dos outros, me permitindo ser manipulado, facilitador, imaturo, sem soluções que dependam da minha vontade de dizer Sim ou Não.
Não ter Limites é fazer pelo outro aquilo que não consigo fazer por mim. Enfoco todo meu potencial de vivência em outra pessoa, perco minhas características e personalidade para ser apenas um reflexo da vontade alheia. Dou ao outro, a terceiros, as situações, os momentos, os ganhos, ficando para mim as perdas para resolver. Ofereço ao outro a capacidade de ser feliz e retiro de mim esta capa-cidade. Sem Limites a felicidade não mais depende de mim, mais sim, depende de uma vontade alheia.
Sem esta Ferramenta perco direitos e assumo deveres. Deveres estes sempre sob o aspecto do Direito do outro e nunca do meu.
Vivo a vida do Adicto para o Adicto e pelo Adicto, minha felicidade esta sempre atrelada a Ele, nunca sou Eu que defino meus desejos. Sempre sou levado a atitudes não determinadas por mim, nunca levando em consideração meu próprio julgamento. Sempre e sempre sou Eu quem assume a sentença, nunca sou o julgador, sou só o réu.
Com a Adicção minha falta de Limites ultrapassa as fronteiras da razão. Vivo em prol de resolver as loucuras e inconsequências da sua doença.
Aos poucos vou percebendo que a falta de ¨Limites¨ em mim não é uma conseqüência da Adicção ¨dele¨. Esta informação já estava dentro de mim, instaladas de forma disfarçada nas minhas atitudes e nos meus conceitos desenvolvidos durante a minha existência. Ele; o Adicto; apenas permitiu desenvolve-la, aperfeiçoar esta Ferramenta e aproveitando desta minha falha de caráter ou personalidade ele as usa para manter o Poder sobre a minha vida, para ser dono do meu mundo e me incluir no mundo deles.
Esta falta de Limites já estava dentro do meu ¨Programa de vida¨ muito antes do surgimento da Adicção em minha vida, nas nossas vidas. Surgiu em nós com o nosso desenvolvimento, por questões filosóficas, educacionais, sociais, religiosas. Fomos aprimorando esta conduta, entendendo Limites como um sentimento pequeno, de fraqueza, de falta de Amor. Foi-nos ensinado que como seres humanos jamais poderíamos ter ¨Limites¨, em verdade precisamos e temos que ter ¨Limites¨, pois, é através dele que criamos conceitos de respeito a nós, pelo outro e pelo mundo.
A falta deste conceito me conduz a assumir coisas que não me pertencem, me deixam ser coagido, manuseado, me torno um grande alimentador das expectativas, sonhos e desejos dos outros.
As Adicções dele e a nossa nos faz utilizar desta Ferramenta a todo o momento no percurso da vida.
Temos de aprender a não ceder a caprichos, vaidades, imposições, chantagens. A falta de ¨Limites¨ é a maior forma de ditadura imposta pelo Adicto a mim, ao permitir que esta se desenvolva permito a Ele se manter no Poder e no Controle de meu corpo, minha alma, mente e coração.
Quando percebo da minha impotência perante a Adicção dele ou as Drogadicções dos outros como forma de compensar esta minha falha, permito-me fazer de tudo para sanar, corrigir ou amenizar as conseqüências da doença. Utilizando-me de falsas ajudas a ele, me coloco sempre pronto a fazer todo o impossível possível. Usando de todos os ilimitados conceitos de Amor que possuo, de meus ilimitados conceitos de responsabilidade, de meus ilimitados medos, de meus ilimitados conceitos de culpa tento de todas as formas livrá-lo das garras das drogas.
Descubro com o uso desta Ferramenta que ninguém aprende a Acertar se não lhe for permitido Errar.
Enquanto não compreendermos que a falta de ¨Limites¨ propícia sofrimento, que é uma Ferramenta progressiva para Adicção deles e da nossa destruição. Quando assumo seus atos estou dando a ele as armas necessárias para ter a quem culpar por sua doença e responsabilizar por ela, não assumindo que a doença é dele é somente dele e não minha. Enquanto Ele continuar a fazer com que eu me utilize da minha falta de ¨Limites¨, ele não terá condições de procurar sua própria Recuperação e Eu não serei capaz de ser procurador da minha.
Meu Adicto por causa da sua doença é o centro do mundo. O que importa é o que quer, o que deseja, o que importa é a sua liberdade, sua vida, seus prazeres. São donos daqueles que o cercam, suas regras devem ser obedecidas e são as que valem. Seus sentimentos é que são importantes e não devem ser questionados, não devem ser impedidos, não devem ser contrariados. São Egocêntricos, egoístas, individualistas.
A Adicção faz com que as contas das coisas que ele quer, que deseja, da liberdade, dos prazeres da sua vida não devam ser de sua responsabilidade serem pagas. Estas contas têm de serem pagas por nós. Porque nós assumimos que somos seus avalistas na vida, que temos obrigações para com eles e se temos obrigações, se os amamos e queremos vê-los felizes não devemos ter, portanto ¨Limites¨.
Ter ¨Limites¨ não é dar ao outro fronteiras para suas atitudes e vidas. Ter ¨Limites¨ não foi feito para eles. ¨Limites¨ não é para o outro, Limites é para mim. Ao me dar esta nova Ferramenta permito avaliar meus conceitos, permito pensar, permito me respeitar, permito reconhecer minhas limitações e impotências.
Aprendo que ¨Limites¨ a mim não é deixar de Amar meu Adicto, mas, dar a ele a tão sonhada ¨Liberdade¨, o ¨Amor verdadeiro¨.
Passo a compreender, a ter compaixão por ele, aprendo a não mais sofrer, a não ter mais angustia, ansiedades por sua doença, compreendo que só ele possui o poder de dar Limites a sua doença.
Ao não exercer esta Ferramenta impeço que o outro cumpra com seu papel de se desenvolver como pessoa e aprenda com os ¨Meus Limites¨ a ter ¨Seus Próprios Limites¨.

Muita paz e serenidade a todos !!!! Amo todos incondicionalmente!!!

domingo, 6 de abril de 2014

SOBRE A IBOGAÍNA....


Bom dia meus queridos amigos, espero que todos esteja em paz e na mais perfeita serenidade com suas famílias...
Aqui em casa tudo bem, andei passando por problemas sérios com minha filha por causa da depressão, o adicto de minha convivência está trabalhando e não teve recaídas na sua droga de preferencia faz um tempinho...(parei de contar) Pois ele não se encontra em recuperação...Continua insistindo na ''cervejinha''...
Então quando realmente ele estiver limpo, começo contar seus dias de sobriedade.
Devido a correria e os problemas com minha filha, tenho tido pouco tempo de postar aqui no blog e de responder a todos emails que tenho recebido...Tenham um pouco de paciência comigo que vou respondendo na medida do possível
Hoje vou falar sobre um assunto que muitas pessoas estão em duvidas, o lado positivo e negativo do tratamento com a Ibogaína..Tenho recebido muitos emails e mensagens me perguntando sobre isso.
O meu familiar adicto não fez este tratamento devido ao alto custo, mas ele sempre teve o desejo de fazer devido aos emails que recebo falando dos resultados positivos de muitas pessoas que fizeram este tratamento.
Pesquisei um pouco sobre o assunto na internet e vou colocar alguns textos pra vocês conhecerem melhor a Ibogaína...
                           DESMITIFICANDO A IBOGAÍNA

Muito se tem falado a respeito da Ibogaína aqui no Brasil nos últimos tempos... bem e mal, com discussões apaixonadas, e, às vezes, desprovidas de cunho científico e repletas de preconceito.
Para quem não sabe, Ibogaína é uma substância extraída da planta Tabernanthe iboga, originária do Gabão, e planta sagrada utilizada nos rituais da religião Bwiti, religião e rituais estes existentes desde a pré-história. Em 1962 Howard Lotsof, na época dependente de heroína, descobriu que uma única dose de Ibogaína foi suficiente para curar a dependência sua e de alguns amigos. A partir daí surgiu com força uma rede internacional de provedores de tratamentos para dependência em todo o mundo, alguns oficiais, outros underground. Desde essa época até hoje cerca de 15.000 pessoas já fizeram o uso médico da substância, com resultados, em sua maioria, muito bons. Realmente os efeitos são surpreendentes, e, em muitos casos, ocorre uma melhora do quadro de dependência significativa, em apenas 24 horas.
Como tudo que é diferente, e como tudo que é inovador, existem também em relação à Ibogaína controvérsias e dúvidas, que tem origem na desinformação e no preconceito, e algumas vezes também em interesses econômicos. Este texto visa esclarecer as dúvidas e orientar as pessoas sobre o assunto. É interessante o fato de que a maioria das pessoas que é contra esse tratamento, não sabe absolutamente nada a respeito, mesmo alguns sendo renomados profissionais da área. É o estilo “não li e não gostei”. Na área da dependência química no Brasil, alguns egos são imensos.
Sempre que se fala de Ibogaína, cita-se o fato de a mesma ser proibida nos Estados Unidos e em mais 3 ou 4 países, sendo em todos os outros (inclusive no Brasil) isso não ocorre. Pelo contrário, o Brasil é um dos pioneiros nesse tratamento e os profissionais envolvidos, apesar de pouco conhecidos aqui, têm reconhecimento internacional. Essa proibição da Ibogaína em poucos países deve-se à desinformação e a interesses econômicos e políticos.
Primeiramente, essa medicação não interessa à grande indústria farmacêutica, visto ser derivada de plantas, com a patente de 1962 já expirada, tendo, portanto, um baixo potencial de lucro.
Alem disso, em muitos locais, o preconceito contra os dependentes faz com que eles sejam vistos como pessoas que não merecem serem tratadas e sim presas ou escorraçadas. Assim sendo, o fato da Ibogaína ter sido descoberta por um dependente químico, para algumas pessoas, já a desqualifica.
Fora isso, o falso conceito de que a planta é alucinógena, gera uma quase histeria em determinados profissionais da área, que mal informados, com má vontade, e baseados em informações conflitantes pinçadas na internet, repassam informações errôneas adiante. A Ibogaína não é exatamente alucinógena, é onirofrênica, (Naranjo, 1974; Goutarel, Gollnhofer, and Sillans 1993), ou talvez seja melhor dizer, remogênica, ela estimula a mente de maneira a fazer com que o cérebro sonhe, mesmo com a pessoa acordada. Isso é comprovado por inúmeros estudos ao redor do mundo, mas é fácil confirmar, basta fazer um eletroencefalograma (EEG) durante o efeito da substância pra se ver que o padrão que vai aparecer é o do sono REM, não de alucinações. Alem disso, a ibogaína não se liga ao receptor 5HT 2a, o alvo clássico de alucinógenos como LSD, por exemplo.
Outra crítica relacionada à Ibogaína, que é sempre citada, são as até agora 14 mortes que ocorreram, em 48 anos, como comentado acima, em cerca de 15000 tratamentos realizados. Isso dá menos de 1 fatalidade em cada 1000 tratamentos, número muito menor por exemplo do que as fatalidades provocadas por metadona, que é outra substância utilizada no tratamento da adicção, e que é de 1 fatalidade para cada 350 tratamentos.
O detalhe, sempre deixado de lado pelos detratores da Ibogaína, é que em todos os casos de fatalidades registrados, comprovadamente se detectou o uso sub-reptício concomitante de heroína, cocaína e/ou álcool, confirmado por necropsia, o que nos leva à conclusão de que não existem fatalidades relacionadas à Ibogaína e sim à heroína/cocaína/álcool e à mistura dessas substâncias... além disso, poucas coisas no mundo são mais mortais do que usar drogas.. isso sim é perigoso.
Mais outra crítica é sobre o uso em humanos, sendo que no Gabão, há 5000 anos humanos já usam a substância em seus rituais, sem problemas. Já foram feitos vários trabalhos científicos, por cientistas renomados, que comprovam a baixa toxicidade e a segurança do tratamento, desde que feito dentro dos protocolos.
A taxa média de eficácia da Ibogaína para tratamento da dependência de crack é de 70 a 80%, que é altíssima, principalmente se lembrarmos que, além de ser uma doença gravíssima, as taxas de sucesso dos tratamentos tradicionais é de 5%. Incrivelmente, essa taxa de 80% também é alvo de críticas... Porque não são 100%, eles dizem? Já que é tão bom, porque não cura todo mundo? Ora, nenhum tratamento médico é 100%, existem variáveis ponderáveis e imponderáveis que influenciam a evolução dos pacientes, como motivação, características individuais de cada paciente, preparação adequada, com psicoterapia pré e pós tratamento de alto nível, tudo isso faz com que haja variações na eficácia. O fato é que a Ibogaína é hoje, de longe, o tratamento mais eficaz contra a dependência que se tem notícia, em toda a história da humanidade. Feito com os cuidados necessários, é seguro, eficaz, e não existem relatos de seqüelas, nem físicas, nem psicológicas.
Assim sendo, pessoas que vivem da cronicidade da doença, para as quais não interessa que haja cura e sim perpetuação do quadro, e assim, indiretamente, perpetuação dos lucros, se insurgem contra ela.
Em toda a história da humanidade, as inovações, as mudanças de paradigma, sempre foram combatidas.
E apenas mais um detalhe: as outras opções de tratamento, são bastante ineficazes, para que se possa dar ao luxo de não dar à ibogaína a atenção que ela merece.



Muito se tem falado a respeito da Ibogaína aqui no Brasil nos últimos tempos... bem e mal, com discussões apaixonadas, e, às vezes, desprovidas de cunho científico e repletas de preconceito.
Para quem não sabe, Ibogaína é uma substância extraída da planta Tabernanthe iboga, originária do Gabão, e planta sagrada utilizada nos rituais da religião Bwiti, religião e rituais estes existentes desde a pré-história. Em 1962 Howard Lotsof, na época dependente de heroína, descobriu que uma única dose de Ibogaína foi suficiente para curar a dependência sua e de alguns amigos. A partir daí surgiu com força uma rede internacional de provedores de tratamentos para dependência em todo o mundo, alguns oficiais, outros underground. Desde essa época até hoje cerca de 15.000 pessoas já fizeram o uso médico da substância, com resultados, em sua maioria, muito bons. Realmente os efeitos são surpreendentes, e, em muitos casos, ocorre uma melhora do quadro de dependência significativa, em apenas 24 horas.
Como tudo que é diferente, e como tudo que é inovador, existem também em relação à Ibogaína controvérsias e dúvidas, que tem origem na desinformação e no preconceito, e algumas vezes também em interesses econômicos. Este texto visa esclarecer as dúvidas e orientar as pessoas sobre o assunto. É interessante o fato de que a maioria das pessoas que é contra esse tratamento, não sabe absolutamente nada a respeito, mesmo alguns sendo renomados profissionais da área. É o estilo “não li e não gostei”. Na área da dependência química no Brasil, alguns egos são imensos.
Sempre que se fala de Ibogaína, cita-se o fato de a mesma ser proibida nos Estados Unidos e em mais 3 ou 4 países, sendo em todos os outros (inclusive no Brasil) isso não ocorre. Pelo contrário, o Brasil é um dos pioneiros nesse tratamento e os profissionais envolvidos, apesar de pouco conhecidos aqui, têm reconhecimento internacional. Essa proibição da Ibogaína em poucos países deve-se à desinformação e a interesses econômicos e políticos.
Primeiramente, essa medicação não interessa à grande indústria farmacêutica, visto ser derivada de plantas, com a patente de 1962 já expirada, tendo, portanto, um baixo potencial de lucro.
Alem disso, em muitos locais, o preconceito contra os dependentes faz com que eles sejam vistos como pessoas que não merecem serem tratadas e sim presas ou escorraçadas. Assim sendo, o fato da Ibogaína ter sido descoberta por um dependente químico, para algumas pessoas, já a desqualifica.
Fora isso, o falso conceito de que a planta é alucinógena, gera uma quase histeria em determinados profissionais da área, que mal informados, com má vontade, e baseados em informações conflitantes pinçadas na internet, repassam informações errôneas adiante. A Ibogaína não é exatamente alucinógena, é onirofrênica, (Naranjo, 1974; Goutarel, Gollnhofer, and Sillans 1993), ou talvez seja melhor dizer, remogênica, ela estimula a mente de maneira a fazer com que o cérebro sonhe, mesmo com a pessoa acordada. Isso é comprovado por inúmeros estudos ao redor do mundo, mas é fácil confirmar, basta fazer um eletroencefalograma (EEG) durante o efeito da substância pra se ver que o padrão que vai aparecer é o do sono REM, não de alucinações. Alem disso, a ibogaína não se liga ao receptor 5HT 2a, o alvo clássico de alucinógenos como LSD, por exemplo.
Outra crítica relacionada à Ibogaína, que é sempre citada, são as até agora 14 mortes que ocorreram, em 48 anos, como comentado acima, em cerca de 15000 tratamentos realizados. Isso dá menos de 1 fatalidade em cada 1000 tratamentos, número muito menor por exemplo do que as fatalidades provocadas por metadona, que é outra substância utilizada no tratamento da adicção, e que é de 1 fatalidade para cada 350 tratamentos.
O detalhe, sempre deixado de lado pelos detratores da Ibogaína, é que em todos os casos de fatalidades registrados, comprovadamente se detectou o uso sub-reptício concomitante de heroína, cocaína e/ou álcool, confirmado por necropsia, o que nos leva à conclusão de que não existem fatalidades relacionadas à Ibogaína e sim à heroína/cocaína/álcool e à mistura dessas substâncias... além disso, poucas coisas no mundo são mais mortais do que usar drogas.. isso sim é perigoso.
Mais outra crítica é sobre o uso em humanos, sendo que no Gabão, há 5000 anos humanos já usam a substância em seus rituais, sem problemas. Já foram feitos vários trabalhos científicos, por cientistas renomados, que comprovam a baixa toxicidade e a segurança do tratamento, desde que feito dentro dos protocolos.
A taxa média de eficácia da Ibogaína para tratamento da dependência de crack é de 70 a 80%, que é altíssima, principalmente se lembrarmos que, além de ser uma doença gravíssima, as taxas de sucesso dos tratamentos tradicionais é de 5%. Incrivelmente, essa taxa de 80% também é alvo de críticas... Porque não são 100%, eles dizem? Já que é tão bom, porque não cura todo mundo? Ora, nenhum tratamento médico é 100%, existem variáveis ponderáveis e imponderáveis que influenciam a evolução dos pacientes, como motivação, características individuais de cada paciente, preparação adequada, com psicoterapia pré e pós tratamento de alto nível, tudo isso faz com que haja variações na eficácia. O fato é que a Ibogaína é hoje, de longe, o tratamento mais eficaz contra a dependência que se tem notícia, em toda a história da humanidade. Feito com os cuidados necessários, é seguro, eficaz, e não existem relatos de seqüelas, nem físicas, nem psicológicas.
Assim sendo, pessoas que vivem da cronicidade da doença, para as quais não interessa que haja cura e sim perpetuação do quadro, e assim, indiretamente, perpetuação dos lucros, se insurgem contra ela.
Em toda a história da humanidade, as inovações, as mudanças de paradigma, sempre foram combatidas.
E apenas mais um detalhe: as outras opções de tratamento, são bastante ineficazes, para que se possa dar ao luxo de não dar à ibogaína a atenção que ela merece.



Ibogaina foi efetivo em reduzir os sintomas de abstinência. Pacientes que usaram ibogaina descreveram significante diminuição na vontade de usar ópio ou cocaina durante a desintoxicação. Essas pesquisas questionaram especificos aspectos de vontade de usar droga, também pensamentos em usar drogas e planos de usar drogas. Essas medidas relataram grande diminuição no vicio dos usuários em relação à cocaína e ópio, pacientes relataram que a dose de ibogaina cortou a vontade do uso da droga de dias para meses após o tratamento.
Depressão, ansiedade e agonia são partes dos sintomas de abstinência que frequentemente levam a uma recaída durante a desintoxicação. Sintomas pós-abstinência são causados pela adaptação física e distúrbios nos neurotransmissores, e também são causados por hiperexcitabilidade emexpecificas zonas neurológicas, resultados do uso da droga por muito tempo. Ibogaina foi efetivo em aliviar a depressão e ansiedade, diminuir a hostilidade e aumentar o vigor. Ibogaina promove apreciável diminuição no sintomas de ambos, pós e durante a abstinência.





Desde quando criei o blog, recebi centenas de emails de pessoas querendo saber mais sobre este tratamento com a Iboga...
Também recebi diversos emails de pessoas que fizeram este tratamento e obtiveram excelentes resultados.
Como sabemos que a adicção é uma doença comportamental, o tratamento não faz milagres, está é a minha opinião, o grande segredo da recuperação vem do ''querer'' do adicto, este tratamento tira a fissura, o incontrolável desejo de usar drogas e ansiedade, características do adicto. Mas ainda tem que se tratar o comportamento, por isso na minha opinião o ideal seria que mesmo com o tratamento da ibogaína o adicto, continue aqui fora frequentando reuniões e mantendo o foco em sua recuperação, evitando pessoas, lugares que o levem novamente ao uso.






Diogo Nascimento Busse, 28 anos, era usuário de drogas. Du­­rante 13 anos, a vida dele foi semelhante à de outros usuários: mesmo estudando e trabalhando normalmente, passava dias fora de casa e chegou a sofrer alguns acidentes. Tentou inúmeros tratamentos psiquiátricos, psicológicos, medicamentos e internações. Nada deu resultado. Sem saída, mas com esperança de largar a dependência, há dois anos e meio, a curiosidade empurrou Busse para uma substância pouco conhecida no Brasil: a ibogaína.

Substância extraída da raiz da iboga, arbusto encontrado em países africanos, a ibogaína é usada para fins terapêuticos no país há dez anos, por uma única clínica, com sede em Curitiba. Nesse período, 130 usuários de drogas usaram o medicamento, Diogo foi um deles. Há dois anos e meio livre do crack, o advogado e professor universitário conta como foi a experiência. “Foi um renascimento. Foi uma viagem espiritual, de autoconhecimento, expandiu meus horizontes. É inexplicável. Hoje eu analiso o passado e não tenho lembranças positivas daquele tempo”, diz.
De acordo com o médico gastroenterologista da clínica Bruno Daniel Rasmussen Chaves, a ibogaína produz uma grande quantidade do hormônio GDNF, que estimula a criação de conexões neuronais, o que ajuda o paciente a perder a vontade de usar drogas. A ibogaína, segundo ele, também produz serotonina e dopamina, neurotransmissores responsáveis pelas sensações de prazer. A droga é processada na Inglaterra e vendida em forma de cápsulas. O preço de uma unidade, quantidade suficiente para o tratamento, gira em torno de R$ 7 mil reais.
Não é um milagre As imagens que as pessoas enxergam enquanto estão sob o efeito da droga, segundo o médico, são sonhos. “Não se trata de alucinações, a ibogaína não é alucinógena. É como sonhar de olhos abertos, só que durante muito tempo. Durante o sono temos apenas cinco minutos de sonhos a cada duas horas. Com a ibogaína são 12 horas”, explica Chaves.
Mesmo que os resultados sejam animadores – a taxa de recaída entre os usuários da ibogaína gira em torno de 15%, enquanto nos tratamentos convencionais varia entre 60% e 70% – a substância não é um milagre e nem faz tudo sozinha. De acordo com a psicóloga Cleuza Canan, que há mais de 30 anos trabalha com dependência química, os pacientes passam por três fases. “Avaliamos clinicamente e psiquicamente o paciente. Existe uma fase de desintoxicação. São necessários 60 dias de abstinência para o paciente ir para a ibogaína. Depois que ele toma, começa uma fase que consiste na reorganização e readaptação, com terapia individual e de grupo”, afirma.
A reportagem Gazeta do Povo conversou com ex-usuários de drogas que recorreram à ibogaína. Eles foram unânimes em afirmar que, depois de tomar a substância, nunca mais tiveram vontade de se drogar. “Eu nunca mais tive vontade. Aquela fissura desapareceu. A droga é apenas uma lembrança, nada mais que isso”, diz um paciente que não quis se identificar. Segundo Cleuza, a recaída só é possível se o paciente mantiver os mesmos hábitos. “Se ele frequentar os mesmos lugares, conviver com os mesmos amigos, achar que está imune”, explica.