Estive pensando estes dias, como a codependencia é uma doença traiçoeira, assim como a dependência química.
Quando nós menos esperamos, estamos recaídas no comportamento novamente, neste ciclo que parece nunca ter fim. Sei perfeitamente que depende única e exclusivamente de mim, para que eu mude esta situação em minha vida. Mas pergunto a vocês e a mim mesma, onde encontrar forças para esta mudança?
Porque é tão difícil o desapego?
Como saber se estamos tomando decisões assertivas, se a codependencia engana tantos nossas mentes??
Nestes quase 15 anos de convívio ao lado de um dependente químico, tomei muitas decisões. Algumas acertei e outras errei, por muitos momentos fui feliz, mas por muitos momentos também passei por situações muito tristes, situações que desejo que ninguém passe...
Bem, nesta luta diária que travamos contra a dependência química, não existe uma receita totalmente certa, que nos ensine a agir sempre com assertividade com nosso familiar adicto...O que pode ser bom para uns, pode ser o fim de outros.
Já vi muitos casos de familiares que no desespero de ajudar seu adicto, o coloca para fora de casa, na esperança que ele ao chegar no fundo do poço, caia em sí, e peça ajuda. Já vi isto dar certo em alguns casos, mas infelizmente, também vi dar errado em muitos outros...
Assim como todo ser humano é único e cada um pensa á sua maneira, o adicto não é diferente, apesar de todos terem a mesma doença, nem todos reagem da mesma forma em determinadas situações...
Esta semana fiquei muito abalada com um email que recebi de uma mãe que lutava para tirar seu filho do vício á 7 anos, depois de todas tentativas frustradas de ajuda-lo, ela decidiu colocar o filho para fora de casa, pensando estar tomando uma decisão assertiva para salvar a vida do filho. Infelizmente aconteceu o pior, o filho dela tirou a própria vida por achar que estava tudo perdido, e que sem a ajuda da mãe que era a única pessoa que lhe dava forças, nunca conseguiria sair das drogas.
O desespero desta mãe me tirou o sono esta semana, pois todos nós sabemos que ela agiu na intenção de salvar a vida do filho, sabemos que ela não foi culpada, mas a codependencia gritou mais alto na vida desta mãe, que hoje, está totalmente entregue a depressão por se sentir culpada...
É muito triste tudo isso..Também tenho uma amiga que teve o mesmo problema com o filho, e tomou a mesma decisão, embora chorando e sofrendo por dentro, não deixou o filho entrar em casa, o filho chegou a dormir no portão na calçada em frente a casa, e ela chorando em seu quarto pedindo forças para conseguir passar por este pesadelo. O filho ficou um tempo nas ruas, mas logo voltou e decidiu pedir ajuda, e hoje ele se encontra em recuperação.
Muito difícil saber ao certo a decisão que se deve tomar quando o assunto é dependência química.
O adicto tem grande dificuldade para lidar com qualquer tipo de frustração, tornando muitas vezes o relacionamento muito difícil, pois não podemos nos abrir, e expor nossas dificuldades com nossos companheiros, dizer como nos sentimos, quando não estamos bem, nossas frustrações.. Pois qualquer coisa que façamos ou falemos que o adicto não concorde, é motivo para discussões e grosserias sem motivos, a grande maioria dos adictos, mesmo os em recuperação, tem alterações de humor, hora estão bem, hora estão péssimos...Digo isto porque nestes quase 15 anos convivendo com meu familiar adicto, ele passou por longos períodos de sobriedade, chegou a ficar dois anos e oito meses limpo, mas os comportamentos adictivos nunca mudaram,..
As vezes penso muito sobre isso, e cheguei a conclusão que mesmo que vençamos esta luta contra as drogas, e nossos adictos entrem realmente em recuperação, teremos que ter muita paciência e amor para aceita-los como são, pois provavelmente o comportamento deles nunca mais voltará a ser o mesmo, precisamos aceitar aquilo que não podemos mudar.
Desde que me descobri codependente, mudei muitas coisas em vários aspectos de minha vida, mas confesso que preciso muito mais para realmente estar em recuperação...
Hoje ainda me encontro fraca e sem saber mais o que fazer, pois desde o início eu fiz de tudo ( as vezes acertava, outras errava...) para poder entrar em recuperação e para que meu familiar adicto entrasse também.
Parece que estou neste ciclo destrutivo, e nunca saio do mesmo lugar.
Quando controlava a vida de meu familiar adicto, proibindo ele de beber, praticamente fiquei neurótica e perdi totalmente o controle de minha vida, querendo assumir e controlar a vida dele.
Estes tempos atrás, meu marido estava a mais de 70 dias sem usar a droga, mas estava bebendo todos os dias, eu sou totalmente contra ele beber, ficava profundamente triste e frustrada com esta situação..
Resolvi soltar a corda, deixar ele livre para que ele tomasse suas decisões, tinha certeza que ele iria recair (e recaiu mesmo) mas ao menos deixei ele arcar com as consequências do próprio erro.
Como já relatei anteriormente no blog, meu marido tem sérios problemas de depressão e isso fez com que ele tentasse o suicídio uma vez, vive falando que quer morrer e as vezes fala em acabar com a própria vida...Sei que os adictos mentem e manipulam, mas isto me atormenta profundamente, pois tenho verdadeiro pavor de coloca-lo para fora de casa e algum mal aconteça a ele.
Sei que este medo, faz parte da codependencia, mas me sinto escrava desta doença e não consigo enxergar uma saída pra mim. Meu esposo melhorou desde a última internação, falo isso pois não esta usando drogas com a frequência que estava antes, mas infelizmente ele trocou uma droga por outra ''o álcool''.
Sinceramente, estou muito cansada de tudo isso, e não sei mais como agir, pois não aceito e não quero que ele beba dentro de casa, mas como fazer isto sem controlar a vida dele??? Não quero controlar a vida dele, mas não posso aceitar nem permitir que ele se embriague todos os dias em nossa casa e na frente de nossa filha...
Peço a vocês meus queridos, que orem por mim pedindo que Deus abra a minha mente e que eu tome a melhor decisão pra mim e pra minha família..
Amo todos(as) vocês incondicionalmente!!!! Muita paz e serenidade a todos...