domingo, 1 de junho de 2014

Quando o fim do poço não chega...

Olá meus queridos!!
Como vocês estão? Espero que estejam bem....
Bom como eu disse em meu último post, era questão de tempo para ele ter uma recaída...
Na ultima quinta feira, meu familiar adicto, trabalhou o dia todo e depois, foi diretamente para um churrasco na casa de minha mãe, de lá ele saiu e não voltou para casa desde então...
Apesar de tudo, eu e minha filha estamos bem, estamos participando das reuniões do Amor Exigente de nossa cidade e estamos cuidando de nós e de nossa recuperação.
Estou triste, não posso negar, afinal é impossível que qualquer pessoa, por mais que esteja em recuperação não se entristeça com uma situação destas...
Não tem como evitar que fiquemos preocupados com ele, afinal ele está pelas ruas na sua busca insana pelas drogas. É lamentável o poder que as drogas tem na vida do adicto quando o mesmo não se encontra em recuperação.
Todos nós sabemos que infelizmente para vermos nossos familiares adictos em recuperação, temos que estar preparados para velos  sofrer, isto é muito triste para nós, pois o sentimento de impotência que ficamos é horrível, afinal quando o assunto é adicção, não depende de nós para que o adicto busque ajuda e queira realmente se recuperar.
Apesar de sabermos que não causamos as recaídas, não somos culpados por ela e nem podemos curar, as vezes inconscientemente, acabamos querendo ''controlar'' a vida do adicto, na falsa esperança que de alguma forma estaremos ajudando ou evitando a recaída. Infelizmente sabemos que isto não é possível.
Nada que façamos irá realmente mudar o comportamento deles, e muito menos podemos evitar que eles recaiam.
Na quinta feira, ele me ligou e pediu para que eu o acompanhasse no churrasco na casa de minha mãe, mas como minha filha esta grávida, e quase nos dias de ganhar o bebê, eu não quis ir ao churrasco. Eu fiquei com ela e disse que ele poderia ir sozinho.
Na sexta feira quando amanheceu o dia e ele não havia voltado, me peguei no sentimento de culpa, me perguntando porque eu não fui com ele? Se eu tivesse ido talvez isso não tivesse acontecido...
Na mesma hora me conscientizei que nada do que eu fizesse iria evitar a recaída. Poderia não ser naquele dia, mas certamente ela aconteceria. Então mantive a serenidade e orei por ele, é a unica coisa que ''eu'' posso fazer por ele enquanto ele não pedir ajuda. Não posso muda-lo, só posso modificar a mim mesma.
Algumas vezes me questiono, sobre a situação que ele se encontra. Por que ele não tem logo o despertar espiritual ? o desejo de entrar em recuperação de verdade? Onde esta este fundo do poço que não chega nunca?
Já ouvi algumas vezes, que o fundo do poço de cada um é particular, não tem como medir.
Para alguns determinada situação, como o fim de um relacionamento, é o fundo do poço, outros precisam perder realmente tudo que tem para quererem se recuperar.
Não é como uma receita de bolo, cada adicto pensa e age de forma diferente um do outro. A doença é a mesma, os sintomas são os mesmos, os comportamentos são parecidos, mas definitivamente, o adicto de minha família, não é igual o adicto da sua.
Como eu já disse em outros posts, eu fiz tudo que estou preparada para fazer, para não facilitar o uso de meu adicto familiar. Tirei algumas regalias, nos separamos, não minto mais para ajuda-lo, e  deixo que ele arque com as consequências de seu erro.
Isso para mim particularmente, seria o fundo do poço, mas na visão dele, creio que ainda não foi.
Até o dia de hoje, não me sinto preparada para coloca-lo nas ruas ou me divorciar de uma vez por todas dele. Mas amanhã eu não posso garantir que esta continue sendo minha decisão.
Sempre pedi muita força para Deus. Para me dar perseverança, fé e paciência para passar por tudo isso e agir com assertividade para ajudar meu familiar adicto.
Disse para Deus que continuaria enquanto aguentasse. Me frusta a ideia de perder para as drogas, mas sei que a culpa não é minha. Não sou culpada pelas escolhas de outra pessoa.
Se um dia eu ver que não dá mais, me separo. Hoje, apesar de triste, não permito que ele nos leve para o fundo do poço junto com ele. Já estive lá, para sair não foi nada fácil, por isso busco todos os dias mais conhecimento, tanto da doença dele, como da minha, para me manter em recuperação.
Quando ele saiu, fiquei todo tempo pensando como iria fazer para consertar as insanidades que ele sempre comete quando recai. Mas automaticamente pensei: Assim estarei atrapalhando a recuperação dele, pois não estarei permitindo que ele arque com as consequências de suas escolhas erradas. Estarei mais uma vez encobrindo seus erros e me tornando facilitadora do seu uso de drogas.


Contei tudo para minha família, sei que talvez isso faça com que ele perca o emprego e se sinta frustado, por mais uma vez as drogas terem destruído planos e sonhos da vida dele, mas me senti mais leve pela escolha que havia feito.
Estava lendo nesta semana o blog de uma amiga, no qual ela diz: ''que os mentirosos são eles por causa da doença'', se nós formos agir da mesma forma, mentindo para ''protege-los'' , além de estarmos facilitando para que continuem nesta vida( NÃO ARCANDO COM AS CONSEQUÊNCIAS DO ERRO) ainda estaríamos  tão doentes e em não recuperação assim como eles na ativa.
Além de ter aberto o jogo com minha família, fiz outra coisa qual ele odeia, pois acha que estaria expondo a imagem dele, fiz um boletim de ocorrência por desaparecimento. 
Na última recaída que ele teve a alguns meses, eu prometi que se acontecesse novamente, faria o boletim.
Como foi uma promessa, tive que cumprir para que ele saiba que não estou brincando, senão nunca ele dará créditos a minha palavra.
Tenho certeza que quando ele chegar muitas coisas podem acontecer, pois no fim ele acabará me culpando pela recaída ou por alguma outra coisa como sempre faz. Apesar de doer em mim, infelizmente não posso evitar as consequências que virão por causa da recaída.
Como eu sempre digo, eu não crio expectativas em relação a decisão dele entrar ou não em recuperação.
Mas não vou mentir, que a cada recaída, tenho esperanças que o fundo do poço dele chegue e ele decida entrar em recuperação. Quem sabe não é desta vez??
Afinal tenho muitos amigos adictos que vivem relatando que sofreram por anos a fio até aceitarem o primeiro passo e se tratar. Cada um tem o tempo do seu ''Despertar Espiritual''. Um dia ele chega para cada um, não importa quando e nem como.
Estou aqui neste momento torcendo muito e pedindo a Deus para que desta vez ele busque ajuda, se internando, ou participando de grupos de ajuda para entrar em recuperação. 
Bem meus queridos, aqui neste blog eu relato minha vida para vocês exatamente como ela é, com os altos e baixos que é conviver com um familiar adicto que amamos.
Recebo muitos emails de pessoas me perguntando: porque eu ainda continuo com ele??
Porque não me separo e sigo minha vida adiante? Talvez arrumando um relacionamento saudável com um não adicto? ou simplesmente viver minha vida com minha família??
Eu realmente poderia fazer isso e me livrar do ''problema'', mas não seria eu, não conseguiria ser feliz se agisse assim. Admiro as pessoas que tem esta força, e conseguem depois de ter passado por todos os problemas causados pela adicção, ainda prosseguirem com suas vidas deixando este passado para trás.
Sabemos o quanto é difícil tomar esta decisão. Principalmente quando ainda há amor.
Também sei que devo me amar em primeiro lugar,  isso eu tenho lutado para conseguir e tenho obtido exito. 
Cada dia que passa dou um passinho, nem que for pequenininho em favor a minha recuperação.
Tenho notado que a cada dia que passa estou menos ansiosa e tenho mais autocontrole para lidar com esta situação. Fico feliz de não cometer mais as insanidades que cometia antes por não saber que era uma codependente.
Estes dias estava assistindo um vídeo na internet no qual me identifiquei muito. Vou partilhar com vocês.


Bom meus amigos, termino este post contando com as orações de vocês para minha família.
Amo todos vocês incondicionalmente, vocês fazem parte de minha vida e da minha recuperação...Obrigado por tudo.
Obs: Se alguém precisar conversar comigo sobre algum assunto me add no Facebook no link abaixo:

5 comentários:

  1. Sou um adicto em recuperação, sou membro de NA a 15 anos, estou limpo a 7 anos e 6 meses, tive várias recaídas, pois oque diferencia um adicto de outro, não é a qualidade da recuperação, mas sim o grau da doença, alguns são acometidos pela adicção de uma maneira mais severa, uma coisa eu posso garantir, pelos anos que estou dentro do programa pude presenciar adictos que já estavam desenganados, tanto pelos próprios companheiros, como por si próprio, conseguindo estacionar a Doença e colocar o programa em progressão assim se recuperando, acredito que para o PODER SUPERIOR não existe caso perdido dentro da irmandade de Narcóticos Anônimos!

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  2. Boa Noite!
    Sou um adicto em recuperação, só por hoje, a 23 dias.
    Conto muito com a ajuda de minha namorada.
    Parabéns pelo blog e pela força.
    Deus está com você!
    Também tenho um blog, onde conto a minha experiência com a adicção.
    Quando puder, de uma passada lá, e se precisar, estamos aqui.

    http://amentemente2014.blogspot.com.br/2014/06/o-alto-preco.html

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  3. Nega continua se cuidando e continua largando a corda...com despertar ou sem despertar sua vida é sua vida e vc só é responsável por ela...entrege a deld ao PS...um grande abraço

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  4. Oi Lu ! Não poderia deixar de expressar minhas palavras de Força, Fé e Esperança. Nesta hora mesmo com todo conhecimento e experiência acredito que a sensação de que o mundo esta contra nós deve existir em alguns momentos, quando o médico e o monstro entram em cena qual o limite do certo ou do errado, respostas tão simples onde razão entra em conflito com a emoçao vem a resposta , apenas o que é ' Correto ' acaba por sobrepor todas as dificuldades que passamos nesta vida , o tempo ja não conta mais, ja nao se falam mais em vitorias, novamente caimos em velhos padrões de comportamento e de crênças. A maneira como tomarei uma atitude em relação a mim ou ao que é e se tornou um objetivo externo , não posso salvar o mundo. A paz que encontro quando posso reconhecer meus defeitos não me deixa estagnado ela me obriga a modifica-los de maneira positiva que nada mais é que o movimento contrario ao que possa ser destrutivo, a desassociação motiva e traz a resposta com um resultado baseado no que é real , no que é correto viver e não so ficar ... Não leve impressão desta partilha Lu , por favor , foi um sentimento por identificaçao. Tamo Junto !!! SPH Vida por Vidas!!!

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  5. Obrigada por partilhar a sua experiência Lu. Eu estava totalmente perdida, me sentindo sozinha e disposta a desistir de tudo, inclusive de mim mesma, mas lendo seu blog comecei a perceber que existe solução para meus problemas. Também sou constantemente questionada do por que continuo com meu familiar adicto. As pessoas simplesmente não entendem e, confesso, muitas vezes eu também não, mas enquanto houver amor, talvez valha a pena lutar por ele. Mais uma vez, muito obrigada!!!!

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