quarta-feira, 16 de abril de 2014

O Problema Não é a Adicção



Olá meus queridos!!
Ouvi várias vezes que a ¨Recuperação do Adicto¨ não estava apenas relacionado com ele parar de usar Drogas. ¨O problema não é a sua Adicção, mais sim, as suas atitudes¨. O afastamento das drogas era apenas a primeira parte de um processo de libertação de um vício. Um vício físico, mental e espiritual.
Recuperação é mudança de ação, de hábitos e hábitos que estão relacionados com conceitos negativos que o Adicto repete nas suas 24h. Hábitos que aprendeu com os exemplos observados em seu convívio, hábitos que desenvolveu e hábitos que criou durante sua caminhada.
Conceitos como respeito, direitos, dever, liberdade são desconhecidos por eles ou adaptados as suas vontades, aos seus objetivos, por causas da sua doença ou porque já estavam incutidos em seu ser. Manipulam sentimentos e pessoas de acordo com as suas necessidades, aonde não são levados em conta os significados reais destes conceitos e nem princípios. Importando apenas os anseios, o poder, o seu ego.
Princípios reais são universais, não importa credos, educação, raças. Princípios são conceitos da natureza do homem, essenciais a um crescimento físico e espiritual. Princípios são verdades absolutas, imutáveis, transcendem à vontade deste ou daquele grupo. Princípios não podem ser adaptados a aspirações individuais e princípios são desconhecidos pelo Adicto.
Reavaliando minha vida percebo que o inferno vivido por causa da Adicção dele, o caos exterior e interior a todos não estava relacionado ao seu vicio em ¨drogas¨, não era o álcool nem o crack, que tornava nossas vidas em um total descontrole e sim as ¨Atitudes¨.
Ao meu redor as atitudes loucas, as insanidades, as irresponsabilidades já existiam muito antes das drogas. Nossa história indicava que não era a droga que o destruía, que destruía a família, o convívio, o amor, que levava desespero ao nosso corpo e mente. Não era a droga que levava ao sofrimento, que violentava, que agredia, toda a loucura estava ligada à ¨Atitude¨, a comportamentos antiéticos, imorais, desvairados, sem limites, que já eram existentes.
A droga nada criou, ela apenas potencializou o que já existia.
Hoje tenho consciência de que ¨ele¨ não precisa apenas para de usar drogas, o que realmente ¨ele¨ tem de parar é com seu comportamento obsessivo. As drogas não podem serem usadas como desculpas para o seu total medo da vida, para sua total falta de respeito, para seu total descontrole e nós também temos que parar de usarmos desta desculpa para nossa total incompetência perante a vida, nossos medos, nossas culpas, nossas frustrações. A nossa falta de querer ser feliz. As nossas relações com este mundo tem de ser transformadas.
Apenas ¨Parar¨ o uso das drogas não fará com que sejam apagados ressentimentos surgidos com a Adicção. As marcas são profundas demais para serem apagadas e somente uma completa modificação de comportamento dará inicio a verdadeira Recuperação e ao verdadeiro Perdão. Recuperação esta ligado à mudança de pensamentos, de sentimentos, de atitudes, o simples deixar de ser dependente químico não significa que os impulsos mais falhos, o caráter negativo tenham sido convertidos. Recuperação é eliminar os resíduos que ainda estão em uso, independente de parar ou não com as drogas. Resíduos dos tempos do uso do do crack, do álcool, resíduos dos tempos em que se deixou viciar pela falta de princípios humanos, éticos, morais, que foram permitidos serem desenvolvidos em seus costumes, em sua postura, em seu caminhar e em nosso caminhar. A mudança não tem de vir de fora para dentro, as mudanças tem de vir de dentro para fora. E não só seus atos tem de ser modificados, nossos atos também tem de serem modificados.
As verdadeiras drogas estão dentro de cada um, a verdadeira droga não é aquela que entra pela boca, pelo nariz e sobe ao cérebro e distorce realidades, induz comportamentos, permite coragem, permite ímpeto, permite que sejam colocados para fora tudo de ruim que esta amordaçado em nosso interior. A droga liberta o que de pior existe em nós, libertando todas as drogas da minha personalidade, todos os defeitos de caráter. A verdadeira droga é aquela que esta contida dentro de cada um de nós, são aquelas que saem de nossas bocas, são os pensamentos, são os sentimentos, são as ações. A verdadeira loucura da droga é aquela que se aloja no coração e domina o espírito.
A ¨drogadicção¨ é algo que permite que ¨Ele¨ seja aquilo que por covardia ¨Ele¨ não tem coragem de ser. Ela é o suporte que ele necessita para combater seus medos, para se sentir ¨alguém¨, ou, para se anular no mundo. A sua drogadicção faz com que ¨Eu¨ também infelizmente me sinta ¨alguém¨. A drogadicção dele da sentido a minha existência, e alimenta minha doença.
As consequências, as loucuras da Adicção que presencio hoje já estavam enraizadas em todos nós há muito tempo. Tudo a minha frente era previsível, apenas a minha negação em admiti-lo impedia de enxergar as coisas que aconteciam. Tudo sempre esteve bem ao lado, as minhas vistas, os defeitos de caráter, as manipulações, chantagens, as grosserias, o egoismo. Minhas facilitações, os conceitos baseados em minhas verdades absolutas, a arrogância, a prepotência. Nossas relações estruturadas em mentiras e falsidades, cheias de ressentimentos, enfim, tudo, tudo, já estava lá muito antes das drogas fazerem parte do dia-a-dia.
Precisou que as ¨drogas químicas¨ fincassem suas estacas em nossas vidas para que as ¨drogas da nossa personalidade¨ fossem encaradas de frente, pudessem serem sentidas, serem admitidas, desmascaradas. Que nossa hipocrisia viesse a tona, já que as deformidades, os conceitos deturpados absorvidos ao nosso caráter já o drogavam há muito tempo e dopavam a mim, minha família, a todos.
As drogas eram a porta de entrada para que pudéssemos culpar, desculpar, acusar, criticar, apontar no outro as imperfeições e erros que negávamos existir em nós. As drogas são a porta de saída hoje para que possamos desculpar, descobrir, recuperar, ver virtudes, compreender que os defeitos e erros que negamos existir em nós já existiam há muito mais tempo, muito antes da Adicção dele.

2 comentários:

  1. noooossa verdade mesmodescreveu tudo q via mas eu nao sabia expressar falar... como pode... tudo encaixa na minha vida...

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  2. 8 de Agosto - Recuperação responsável

    "... aceitamos a responsabilidade pelos nossos problemas e vemos que somos igualmente responsáveis pelas nossas soluções."
    Texto Básico, p. 108

    Alguns de nós, habituados a deixarem as suas responsabilidades pessoais para os outros, podem tentar comportar-se da mesma forma em recuperação. Depressa descobrirão que não resulta. Por exemplo, se estivermos a pensar em modificar determinada coisa nas nossas vidas, falamos com o nosso padrinho ou madrinha, e perguntamos-lhe o que fazer. Sob a aparência de procurarmos direcção, estamos de facto a pedir-lhe que assuma a responsabilidade de tomar decisões sobre a nossa vida. Ou talvez tenhamos sido mais bruscos com alguém numa reunião, e por isso pedimos ao melhor amigo dessa pessoa que lhe peça desculpas por nós.
    Talvez neste último mês tenhamos pedido demasiadas vezes a alguém que nos substituísse nos nossos compromissos de serviço. Será que fomos pedir a um amigo que analisasse o nosso próprio comportamento e identificasse as nossas imperfeições, em vez de sermos nós a fazer o nosso próprio inventário? A recuperação é algo que tem de ser praticado. Não nos vai ser dada numa bandeja de prata, nem podemos esperar que sejam os nossos amigos, o nosso padrinho ou madrinha a responsabilizarem-se pelo trabalho que tem de ser feito por nós próprios. Recuperamos ao tomarmos as nossas próprias decisões, fazendo o nosso próprio serviço, e trabalhando os nossos próprios passos. Ao fazermos isto por nós, recebemos a recompensa.

    Só por hoje: Aceito a responsabilidade pela minha vida e pela minha recuperação.

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