Hoje é dia 01-09-2012, são exatamente 22:00, resolvi criar este blog para contar minha história...
Conheci o adicto de minha vida, quando tinha apenas 17 anos, foi tudo muito rápido, nem bem nos conhecemos e resolvemos morar juntos.
Quando o conheci ele trabalhava como vendedor e vivia viajando por causa de seu trabalho.
Logo de início percebemos que tínhamos muito em comum. Nossos gostos e ideais eram muito parecidos.
Ele, um rapaz carinhoso, inteligente, extrovertido, romântico, engraçado e bom caráter.
Desde o início percebi que algo muito forte me atraia nele... Talvez sua personalidade marcante tenha me cativado desde o início. Ele amava viajar e conhecer coisas novas, e nisso me identifiquei muito com ele. Sempre gostei de liberdade, nunca me imaginei trabalhando em algum escritório, cumprindo horários e rotinas estabelecidas pela grande maioria das empresas. Por gostar tanto da tal ''liberdade'', por ironia do destino, hoje me sinto uma prisioneira da minha codependencia.
Nos apaixonamos em muito pouco tempo, e logo estávamos morando juntos. Após 1 ano de convivência, nos casamos.
E no dia 28 de outubro do ano de 1995 fizemos juras de amor e selávamos nossa união.
Éramos muito jovens, ele com apenas 19 aos e eu com meus 17.
Aos 18 anos engravidei. Tivemos nossa filha, um bebê que foi muito amado, planejado e desejado por nós.
O adicto de minha convivência, tinha uma família de origem simples. Sua mãe era doméstica e trabalhou duramente para criar ele e a irmã. Sua mãe foi o homem e a mulher da casa, pois seu pai era alcoólatra e quase sempre não estava presente em sua criação. O fato do pai ser alcoólatra o constrangia muito. Desde criança ele cresceu em um ambiente destrutivo, com muitas brigas, agressões verbais e até mesmo físicas, tudo motivado pelo uso exagerado de bebida feito pelo pai.
Me lembro que desde o começo de nossa união, minha sogra não se identificou comigo. Acredito que por ciúmes, ainda mais ele sendo o único filho homem.
Era uma antipatia gratuita, nunca nos demos bem, nos tolerávamos...
Também não costumávamos brigar, eram algumas discussões verbais da parte dela para comigo. Sempre fui uma pessoa introvertida e muito calada, para discutir comigo e me tirar do sério tinha que ser por um motivo muito grave, caso contrário sempre tive o péssimo costume de engolir sapos e ''sofrer calada''...
Sou uma pessoa extremamente tímida, tenho grande dificuldade em expressar meus sentimentos, por isso fiz este blog.
Para extravasar meus sentimentos. Enfim, para relatar exatamente as dificuldades da convivência entre o adicto e seu familiar codependente. Estou fazendo este blog, na esperança de não mais me sentir tão só e encontrar alguém que possa estar neste momento passando pelo mesmo que eu, alguém que possa entender minha dor e meus sentimentos. Não que eu fique feliz em saber que mais alguém passe pelo mesmo. Mas este blog vai ser para mim um refugio, como espécie de um diário, um cantinho onde eu possa desabafar meus sentimentos, minhas angústias, minhas conquistas, e a luta diária que tanto o adicto como seu familiar codependente enfrentam para entrarem realmente em recuperação, colocando um fim neste ciclo destrutivo que é uma vida regrada a drogas e um relacionamento codependente.
Enquanto estou aqui a digitar minha história, meu familiar adicto mais uma vez saiu ontem para trabalhar, e não voltou até este momento. Mais uma vez saiu em sua busca insana pela droga, mais uma vez ele a procurou, mais uma vez a nossa luta foi em vão e ''ela'' venceu.
Somente quem já sentiu esta dor, esta agonia, esta frustração e sentimento de impotência, pode entender exatamente o que estou sentindo agora. A sensação, é como se um tsunami tivesse passado por aqui, levando todos os nossos sonhos e conquistas mais uma vez, e deixando em seu lugar, a dor, o medo, a tristeza e a frustração.
Durante os primeiros 4 anos de nosso casamento, éramos felizes. Tínhamos nossos problemas como todo casal comum, e tirando as implicâncias de minha sogra e cunhada, que naquela época eu considera o maior problema que se podia ter,(quanta ilusão)... éramos felizes.
Eu não tinha noção do que realmente eram problemas.
Hoje, quando vejo alguém reclamando de sua vida por motivos banais, não valorizando a maior de todas as riquezas que é a paz, eu fico triste. Infelizmente existem pessoas, assim como eu, que lutam constantemente para que suas famílias simplesmente tenham um pouco de paz e não são bem sucedidas, enquanto outras, tem todos os motivos para serem felizes, com seus maridos e filhos saudáveis e não dão valor.
Me lembro que em determinada época de nosso casamento eu tive depressão, acredito que devido ao problema das constantes desavenças que minha sogra e cunhada tinham comigo (pois morávamos no mesmo quintal e isso gerava muitos conflitos) acabei ficando muito doente.
Nesta época, meu adicto tinha um bom emprego e não tinha vícios. (Ao menos, eu ainda não havia notado) Bebia eventualmente algumas latinhas de cerveja em uma festa ou churrasco. Bebia socialmente, como a grande maioria das pessoas que bebem o fazem.
Como havia dito anteriormente, adoeci.
Insisti para meu adicto que voltássemos para minha terra natal que fica no interior.
Nos mudamos. Ele meio que contrariado, por sair de perto da mãe e ter que deixar o emprego.
Mas não havia mais condições para morarmos todos juntos. As implicâncias estavam cada vez piores.
Quando chegamos em minha cidade, ocorreu algo que a meu ver, desencadeou toda esta problemática do uso de álcool e drogas na vida de meu familiar adicto.
Eu tinha uma amiga, na qual confiava muito, a conhecia a muitos anos, estudamos juntas e quando conheci meu adicto eu morava com ela, pois havia saído da casa de meu pai devido ao problema do alcoolismo dele.
Desde o primeiro momento, meu adicto não simpatizou com ela. Ele insistia em dizer que ela era ''vulgar'' e que não inspirava confiança.
A princípio, não dei ouvidos, pois confiava cegamente nesta amiga.
Em determinado momento, ela se aproveitou de uma crise que passávamos em nosso casamento, para dar em cima dele.
Eu inocente, discutia com ele todo tempo para defende-la.
No fim, ela tanto fez que eles acabaram tendo um caso.
Ele por não suportar a culpa, acabou me confessando tudo se dizendo arrependido.
Me pediu perdão dizendo que me amava, mas acabou me culpando,
dizendo que havia me alertado desde o início sobre a personalidade dela.
Chegou ao ponto de coloca-la frente a frente comigo para me pedir perdão, dizendo que tudo não passou de um grande erro.
Eu, com meu orgulho ferido e me sentindo duplamente traída, não consegui perdoa-lo naquele momento.
Acabamos nos separando e fui morar com meu pai.
Meu adicto começou a se embriagar todos os dias não suportando a dor da separação.
Vivia bêbado e arrumava inúmeras confusões... Estava piorando gradativamente a cada dia.
Eu, continuava magoada não querendo vê-lo em minha frente nem ''pintado de ouro''.
Estava decidida a continuar separada dele mesmo vendo que ele estava aparentemente arrependido e sofrendo por estar longe de mim e de nossa filha.
Como me mantive firme no meu propósito de separação, ele decidiu voltar para casa da mãe.
Foi neste momento que começou sua viagem ao inferno...
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